Nosso ritmo – 26

Passei quase que a madrugada inteira conversando com Jane. Ela prometeu nao contar nada pra Trayce, nem ninguém, mas o pior mesmo foi quando ela me perguntou o que eu faria se minhas suspeitas fossem reais. 
Independente de quem for o culpado, ele vai ter o que merece. 
Trayce nem chegou no quarto a noite. Pela manhã, assim que acordei, ela estava na cozinha tomando café. 
-Oi meu amor.. Nao te vi ontem! Aconteceu alguma coisa? 
-Bom dia, Trayce. –Sorri, bocejando. –Nao.. Eu só fui no hospital ver David e depois fiquei de babá pra Lori resolver umas coisas. E voce?
-Estava resolvendo local e hora da sua competiçao. Essas coisas.
-E onde vai ser? –Sentei-me de frente a ela, me servindo café. 
-Ahn, eu ainda nao vi. Estou pensando em Boston mesmo, o que acha? 
Culpada. 
Se contradiz no que ela mesma diz. – Qualquer lugar, está ótimo. 
-Ah, que bom. Está ensaiando bastante? –Assenti – E hoje vai de novo? 
-Sim, mas vou dar uma passadinha na casa de Austin agora, ok?
-Ok querida. Eu devo sair pra dar uma caminhada e continuar vendo as coisas pra competiçao. 
É o que vamos ver. 
Tomei um banho rápido, coloquei uma roupa agasalhada, o clima ficava cada vez pior, e logo fui pro Austin. 

-Oi, querida! –Lori me atendeu assim que toquei a campainha. 
Ela estava super simples, com uma calça comprida de moletom e uma camiseta branca e com Ashley no colo, toda suja de biscoito na boca.
-Oi Lori! –Entrei, brincando com Ash –Oi bonequinha!
-Tenho boas noticias.. –Lori cantarolou. 
-Me conta!
-David vem pra casa nesse final de semana! –Sorri 
-Graças a Deus! Mas me diga, Austin está em casa?
-Sim, ele está lá no quarto.. Acho que está dormindo ainda!
-Posso subir? 
-Claro que sim. Vai ser um privilégio pra ele ser acordado por voce. –Corei –Brincadeira, pode ir sim, Stella.
Subi devagarzinho e assim que cheguei na porta de seu quarto, ele dormia mesmo. 
E sem camisa.
E de cueca branca. –Eu só soube porque estava com uma perna pra fora da coberta, aí ne.. -. 
Aproximei-me devagarzinho e me sentei na beiradinha mesmo da cama, conforme ele estava deitado de bruços só com um lado do rosto pra cima, passei a unha em sua nuca, descendo pelas suas costas. 
Austin na hora tomou um susto e começou a sorrir –ainda de olhos fechados -.
-Nao me importaria ser acordado dessa forma todos os dias.-Ele sussurrou, com sua voz ainda rouca. Ele era tão doce.. Tão lindo.. Não poderia ter sido o culpado de um acidente tão brutal. Nao, nao podia.
-Seu pai vem pra casa esse final de semana! –Falei enquanto ele se sentava aos poucos na cama.
-É, eu sei.. –Se espreguiçou –Fiquei acordado a noite toda esperando por alguma noticia.. 
-Caramba. –Ergui a sobrancelha, olhando pra ele. 
-E voce? O que veio fazer aqui? –Austin cruzou seus braços, dando aquele sorrisinho de lado que acabava comigo.
-Eu nao sei, viu? –Ri, me levantando e indo olhar pela janela. –Eu só queria saber noticias do seu pai, mesmo. 
-Voce poderia ter ido ao hospital.. –Pouco tempo depois que levantei, ouvi a voz de Austin, bem atrás de mim.
-Eu nao sou parente dele. Com certeza não me dariam uma informação se eu pedisse. –Virei-me, ficando de frente pra ele. 
-Poderia ter ligado aqui pra casa e perguntado a Lori. –Austin me encurralou na parede, com seu corpo bem colado ao meu e seu olhar focado em meus lábios.
-Meu celular poderia estar ruim. 
-Desde quando você virou tão orgulhosa assim, Stella? –Ele sussurrou, colocando uma mecha de meu cabelo, atrás de minha orelha. 
-Desde que pensar em você virou meu maior terror. 
Na hora que disse isso Austin deu uma risadinha antes de colar nossos lábios em um lento e delicado beijo. Minhas mãos deslizavam por suas costas nuas, enquanto ele agarrava meu quadril e me sentava no parapeito da janela. Encaixei minhas pernas em sua cintura, tornando nosso beijo um pouco mais intenso. 
-Você me leva do inferno ao céu, Stella Lloyd. 
-Eu posso fazer os dois do céu. –Sorri, beijando sua nuca e rindo com Austin.
-Vamos sair? Eu preciso de algo diferente hoje. 
-Eu também, pode ter certeza. –Pulei pra fora da janela –Troca de roupa, eu já sei onde a gente pode ir. 

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