Nosso ritmo – 24

Stella’s POV:
Quando me dei conta e acordei, eram por volta de 17h. Pelo menos era horário de verão, e “ainda era dia”. Virei na cama e Austin ainda dormia, feito um anjo. 
Se eu pudesse apenas voltar atrás e poder te-lo pra mim, exatamente como era há algum tempo atrás.. 
Parte de mim nao perdoou Austin por não ter perdoado a mim mesma de nao admitir o quanto eu amo esse garoto. Deslizei minha mão devagarzinho por seu rosto e dei um beijo em sua testa, antes de me levantar. 
Troquei de roupa, e assim que peguei meu celular no bolso de trás da minha jeans, tinha uma mensagem de Lori: 
“Estou indo pra casa já, querida! Tudo bem por ai? Beijo” –Ha meia hora.
E poucos segundos atrás, ouvi um barulho de chave na porta, lá embaixo. 
Desci rapidinho, sem fazer barulho, e assim que Lori me viu, saiu correndo pra me dar um forte abraço. 
-Está tudo bem? 
-Tudo sim, meu amor. –Ela disse enquanto me abraçava. –Tudo bem por aqui? 
-Sim! Eu fiz um almoço, e Ashley está dormindo lá em cima com o Austin. Já dei banho nela também!
-Muito obrigada, Stella. Muito obrigada mesmo.
-Que nada, o que precisar, voce tem meu numero. –Sorri –Bom, eu preciso ir, ainda vou passar no Dylan pra a gente ensaiar um pouco.. 
-Tudo bem. Até, Stella. 
Quando estava quase saindo, Lori me chamou mais uma vez, e assim que me virei, ela disse: 
-E querida, só mais uma coisa. Eu nao sei o que David disse a voce e que nem cabe a mim dizer algo, mas.. Se voce quer saber a resposta pra algo, faça a pergunta certa. 
-Como assim? 
-Pergunte a si mesma. O que voce sempre quis saber? 
Na hora, meu celular começou a tocar e era Trayce. 
-Ahn, eu preciso mesmo ir, ok? Minha treinadora já deve estar me caçando. –Sorri, forçadamente- Nos vemos, Lori. 
-Tchau querida. 
Saí dali e nem retornei a ligaçao de Trayce. Todas aquelas perguntas, aqueles assuntos sem sentido estavam acabando comigo.. 
Quando cheguei na casa de Dylan, sua mãe me recebeu e avisou que ele estava no banho, então, pediu pra que eu subisse e esperasse em seu quarto mesmo. 
Assim que subi, me sentei na beiradinha de sua cama e fiquei olhando ao redor de seu quarto. Ele era bem grande, sua cama era Box, bem arrumada e suas estantes também. Umas com premios, outras com livros, bem diversificadas. Levantei-me quando um porta-retrato em sua estante me chamou atenção. 
Era uma foto sua com 8 anos de idade, com um ingresso de competição de dança na mão. Muito fofinho. Mas foi quando meus olhos desceram por sua estante que eu notei os tipos de papéis que estavam em cima da escrivaninha. 
Eram artigos, fotos e manchetes sobre o acidente dos meus pais há 3 anos atrás.Em todos as folhas estavam circuladas as palavras “nenhuma pista encontrada”, “culpado procurado pela polícia”, “família desolada”, “suspeito de jovens alcoolizados”. 
Uma onda de terror tomou meu corpo inteiro. 
Foi como se eu tivesse voltado, em questão de segundos, pro local daquele acidente na mesma hora. Como se tudo estivesse acontecendo em camera lenta. 
Depois da morte dos meus pais, Trayce, como a mais chegada e confiante, ficou de “tomar conta” de mim e cuidar dos negócios. E algo que nunca bateu pra mim, em todos esses anos, fora que eu NUNCA ficara sabendo de uma noticia do acidente. Em quem meus pais bateram, por que eles bateram, quem estava no carro.. Nada. Foi como se tudo estivesse encoberto.E em vários momentos em que tentei voltar atrás, revirar o passado, correr atrás pra saber quem causou essa catástrofe em minha vida, Trayce dizia que nao era uma boa ideia. Ela sempre me tirava da trilha. Sempre. 
Mas parece que agora, o destino, ou então, ela mesma está tramando de trazer tudo a tona. Mas o que ela nem ninguém espera é que eu dessa vez não vou só pesquisar e guardar papeizinhos sobre pistas. Eu vou colocar esse bandido na cadeia. Que é de onde ele deveria estar, ha muito tempo. 

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